Letticia Muniz é mulher de muitos adjetivos. Modelo, atriz, influenciadora digital, criadora do Jogue Como Uma Garota, iniciativa que empodera mulheres através do esporte, e muito, muito maravilhosa. Por tudo isso que a convidamos para estrelar nossa campanha do Viva a Moda e contar por aqui como ela viva a moda. Sem mais delongas, […]
Letticia Muniz é mulher de muitos adjetivos. Modelo, atriz, influenciadora digital, criadora do Jogue Como Uma Garota, iniciativa que empodera mulheres através do esporte, e muito, muito maravilhosa. Por tudo isso que a convidamos para estrelar nossa campanha do Viva a Moda e contar por aqui como ela viva a moda. Sem mais delongas, com a palavra, Letticia!
Você diz que sua relação com a moda nem sempre foi feliz. Por que?
LM: A minha relação com a moda nem sempre foi feliz, porque, apesar de eu sempre amar a moda, não era uma relação recíproca. Quando eu era muito nova, eu já era superfashionista. Me lembro uma vez quando eu cortei uma saia jeans, deixei ela toda desfiada e coloquei uma legging embaixo. Estava me sentindo muito descolada, arrasando e todo mundo falava "você tá ridícula". Só que aí, quando eu cresci, meu corpo foi desenvolvendo e eu virei uma mulher grande. Eu tenho bunda grande, eu tenho a coxa grossa e eu não conseguia encontrar as coisas legais da moda para o meu corpo e virou uma relação muito complicada. Eu acho que a moda é tão poderosa que o mesmo poder que ela tem de me fazer sentir a Beyonce no provador, ela tem o poder de fazer eu sair de lá chorando e querendo começar uma nova dieta maluca. Então, a relação sempre existiu, sempre foi muito forte, mas em muitos momentos ela não era recíproca. Era eu do lado de cá amando e querendo estar linda e superdescolada, me vestir de um jeito superlegal, com o meu jeito. Mas eu não encontrava as peças que eu sentia que estava bonita, que eu sentia o meu corpo ficar bonito.
Então você olhava, por exemplo, revistas, campanhas e não se sentia representada por aquela imagem?
LM: Sempre que eu olhava revistas ou campanhas, nunca me sentia representada. Porque o meu corpo não estava ali. Durante muitos anos, a moda foi pensada só para um determinado tipo de corpo, para um padrão. E se você estivesse um pouquinho abaixo ou um pouquinho acima, conseguia encontrar. Mas se você estivesse fora disso, já não achava mais aquelas coisas legais que todo mundo estava usando. Quando você vê a referência do que é bonito e te dizem “isso é bonito”, “isso é legal”, “tá em todo lugar”, “tá na revista”, “tá na TV”...você quer aquilo, e não o que sobrou. Eu não encontrava isso e ficava supertriste. Eu achava que tinha um defeito e que o problema não estava nas lojas, que não faziam para o meu tamanho também, mas que o problema estava em mim. Era como se, ao chegar numa loja e não encontrar aquela roupa superlegal que tinha para mulheres mais magras que eu, fosse um castigo por comportamentos que eu tinha de comer e não querer ir todo dia à academia. Só que esse é o meu corpo. Eu sempre tive esse corpo. Ele é meu e eu não acho que ele seja um castigo por nenhum comportamento.
E essa mudança veio como? Foi a sua cabeça e daí o teu interesse na moda mudou ou foi, de repente, o contrário, uma mudança no mercado que te estimulou a começar a pensar nisso de outra forma?
LM: Eu acho que a mudança de pensamento veio dos dois lados. A moda começou a evoluir e eu comecei a me libertar quando eu encontrei mulheres que tinham o corpo como o meu. Acho que a internet colaborou muito com isso. Foi nela que eu encontrei modelos e mulheres que tinham corpos iguais ao meu e eu vi que o meu corpo era bonito porque eu achava o delas lindo. E eu falava “meu corpo é exatamente assim”, “eu visto esse número”, “eu tenho praticamente esse peso”, “ela é muito linda, será que sou bonita também? ”. Assim comecei a me identificar. Por que a referência nada mais é do que isso. Você vê o bonito e começa a se identificar nele, e quando não se identifica você acha que seu o corpo é feio, que tem algum problema. Eu comecei a me identificar com essas mulheres e eu via todas usando os tipos de roupas que eu justamente queria usar. A gente não quer esconder nosso corpo, não queremos peças que disfarcem nada, mas sim mostrem o nosso corpo. Eu quero uma peça que valorize tudo o que eu tenho aqui. E aí foi uma relação dupla ao começar a ver uma série de referências de mulheres com o corpo como o meu, a moda começar a mudar e as coisas começarem a surgir. Só que aí entra também o meu lado de sempre ter amado a moda, porque eu modificava as coisas para elas caberem em mim. Se não encontrava um short do jeito que gosto, eu comprava uma calça muito maior, eu a cortava e transformava. Então foi meu amor pela moda e eu encontrar referências, começar a ver corpos como o meu, para perceber que meu corpo era bonito, que meu corpo era possível, que ele não era nenhuma forma de castigo por alguma coisa que eu tenha feito na minha vida.
Muito do teu trabalho está inserido no contexto do digital, da internet. E assim como você falou que encontrou através da internet outros interlocutores para discutir ali, às vezes a internet é palco de discussões pouco saudáveis sobre isso. Como foi para você? Foi mais positivo ou mais negativo?
LM: Acho que de uma maneira geral a internet foi muito boa para mim. Foi onde eu encontrei mulheres para ver que meu corpo era bonito. E foi onde eu, enquanto mulher e artista, pude mostrar a minha voz e conseguir fazer que ela fosse amplificada. E da mesma forma que eu via essas mulheres com esses corpos e, toda vez que eu me sentia mal, eu ia atrás dessas mulheres para ver que estava tudo bem, que eu não tinha nenhum problema, eu tento fazer isso com outras mulheres. Eu acredito que o meu trabalho é justamente esse: pode ser só uma foto, muita gente acha que é só para ganhar likes e aparecer, mas na minha cabeça é tentar fazer um pouco do que fizeram e ainda fazem por mim. Que é isso de, quando você não está bem, que você comeu uma pizza e é a pessoa mais horrível do mundo por isso, você vai lá e vê essa mulher e pensa “Caraca, que mulher bonita! Eu também sou assim? Eu também sou bonita!”. Eu recebo comentários o tempo todo dizendo “Nossa como você é bonita. O meu corpo é igual ao seu. Você me faz acreditar que eu também sou bonita”. É exatamente o que eu passei e foi quando eu me livrei de todo o sofrimento e das coisas horríveis que eu fazia com o meu corpo. Eu entendo o meu trabalho dessa forma, como uma libertação. Uma vez eu recebi uma mensagem muito linda na qual uma seguidora dizia que a minha liberdade libertava ela. E isso foi muito poderoso para mim porque é justamente isso: a liberdade de alguém me libertou e, se eu fizer isso por uma pessoa, já é maravilhoso. E claro que tem muita coisa ruim na internet, porque é um lugar onde as pessoas falam o que elas querem, falam algo horrível sobre você e, para ela, foi só algo horrível que ela falou e, para você, acaba com seu dia. Ao mesmo tempo, é um lugar que tem tanta coisa positiva, é o lugar que me fez parar de me machucar, que, no fim do dia, se uma mulher parou de se machucar, de sofrer e de fazer mal, por causa do meu trabalho ou do trabalho de outras mulheres como eu, já valeu e a internet, para mim, já é maravilhosa só por isso.
Você acredita no poder da moda para aumentar a nossa autoestima?
LM: Sim, eu acredito muito. Na minha visão, é um dos maiores poderes que a moda tem se não for o maior. Você viu a Beyonce usando uma roupa maravilhosa e você vai na loja e encontra essa peça e ela cabe em você, acabou ali! Você vai sair dali achando que você é a própria Beyonce, mesmo que você vá ali na padaria, você chega na padaria se sentindo maravilhosa. Por isso eu acho que a moda tem completamente esse poder de mudar nossa relação com nosso corpo. Da mesma forma que ela pode fazer você sair se sentindo horrível porque uma peça não coube em você, ela faz você se sentir a mulher mais linda do mundo porque aquela peça que você queria tanto te vestiu e você ficou muito gata!
Sua frase na campanha Viva a Moda é “Amor próprio é o novo sexy”. Por que você a escolheu?
LM: Eu acho que essa frase me define muito porque beleza não é só o que está por fora. É a construção de tudo que a gente é. Quanto mais a gente ama, mais a gente se conhece e isso nos faz sentir bonitas. As relações que eu tenho com as pessoas e com o mundo e o que eu faço por elas é que fazem eu me sentir uma mulher maravilhosa. É tudo isso que me faz me sentir linda e muito sexy.
Como você acha que isso tem a ver com amor próprio?
LM: Isso tem tudo a ver com amor próprio porque amor próprio é autoconhecimento, é saber quem você é. A beleza é muito maior do que só o que você vê no espelho: ela é o conjunto do que você é e do que você faz pelas outras pessoas. Ter uma luz própria é o que nos faz bonitos – sabe quando você vê aquela pessoa e a acha a mais linda do mundo? Amor próprio é isso: uma construção de quem você é que, quando você veste aquela roupa que você se sente bem, você gosta de ser assim e você é feliz desse jeito. A aprovação dos outros não te valida mais, é a sua própria aprovação que importa.
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